Você acredita em Espíritos?

Poucas pessoas acreditam no sobrenatural, sendo assim, acredito que esse post irá agradar poucos. Porém quase todos já vivenciaram ou ouviram histórias sobre fenômenos estranhos que a lógica não consegue explicar. O espiritismo é um assunto que desperta muita curiosidade e por isso, hoje compartilho com vocês, essa história.

A história narrada por mim a seguir é baseada em fatos reais, construída a partir de relato do personagem central.

O Espírito da Professora Rose

Passaram-se três anos desde a chegada do menino Danilo* na cidade natal de seus pais no interior do nordeste.

Após esses três primeiros anos  o pai de Danilo foi chamado para ser vigia em uma escola que tinha fama de ser mal assombrada.

A pedido do pai (que era medroso) Danilo ia com ele todos os dias ficar nesta escola. O garoto como nunca teve medo de nada, passava a madrugada vagando nas salas da escola recém reformada. Era enorme com várias salas espalhadas por corredores tão grandes que mesmo estando iluminados, tinham um aspecto sinistro.

Certa noite, Danilo ficara até de madruga na biblioteca da escola enquanto seu pai dormia tranquilamente na diretoria.

Ao fechar a porta da biblioteca uma coisa chamou a atenção do menino, na verdade era uma chave das várias que compunham aquele amontoado que estava em suas mãos. A tal chave tinha o mesmo modelo simples de todas as outras o que a diferenciava era a etiqueta que a identificava como "Sala dos Computadores".

Para um garoto de 14 anos, poucas coisas podem ser mais atraentes do que internet.

Dirigiu-se até o pátio principal da escola de onde ele conseguia ver todos os corredores e também toda área descoberta da escola, essa área não tinha iluminação e contava com vários pés de manga (o povo daquela cidade acredita que espíritos costumam ficar em cima dessas árvores durante a noite olhando o que acontece em volta).

 A noite era de lua cheia e a iluminação natural num tom de cinza da lua tornava o ar ainda mais sombrio naquele ambiente deserto.

O garoto ainda parado no pátio tentando localizar a sala sentiu o corpo ligeiramente estremecer, mas a sensação passou no momento em que ele avistou a ultima sala de um dos corredores que ele ainda não tinha ido, logo imaginou que deveria ser lá e apressou o passo, sem saber que estava prestes a ter uma das experiências mais sombrias de sua vida.

Atravessou o pátio, seguiu pelo corredor e chegou a ultima sala. Logo que abriu a porta, percebeu que estava escuro e procurou pelo interruptor apalpando a parede próxima a porta, como não encontrou procurou também do lado direito da porta, mas também não estava lá. Resolveu então ir à diretoria da escola onde seu pai dormia, pois lá estava o quadro de força que dava acesso à energia das salas da escola e então no momento em que ia fechar a porta para ir a diretoria viu uma mulher cercada de uma luz acinzentada (o que o garoto interpretou como a luz da lua entrando pela janela que estava atrás dela) a menos de dois metros olhando para ele, sem expressão ela tinha cabelo ondulado e curto até o ombro, as maças do rosto eram altas e definidas além de levemente rosadas, seus olhos eram pequenos e amendoados. Aparentava ter uns 37 anos e passava uma imagem de fragilidade quase como se estivesse com medo, fez um leve movimento com o rosto mostrando-se incomodada com a presença do garoto, mas não saiu do lugar, até porque ele abaixou a cabeça logo que ela se mexeu e foi fechando a porta fingindo que não a viu.

 Danilo girou a chave na fechadura tentando fazer o mínimo de barulho trancando a misteriosa mulher na sala, que provavelmente sairia pela janela por onde entrou, tirou os chinelos para não fazer barulho e deu os primeiros passos devagar pisando firme no chão. Esses primeiros passos foram apenas três, pois o gelo que sentiu em seu corpo o fez correr o mais rápido que pode pelo imenso corredor e em seguida atravessou o pátio entrando na sala onde seu pai ainda dormia. Fechou a porta girando a chave duas vezes e começou a avaliar as possibilidades: "Acordo meu pai e falo que tem uma mulher na escola e corro o risco dele desistir do emprego por isso? Ou fico quieto e finjo que nada aconteceu? Afinal ela já deve até ter ido embora”.

Resolveu não contar e ficou ali durante toda a madrugada na sala imaginando o que aquela "mulher triste" (porque apesar de não ter uma expressão à luz sombria em volta dela e sua estrutura física era tão delicada que acabara tirando essa conclusão) estava fazendo ali...

Quando amanheceu, não resistiu a vontade de ir até a sala ver se a janela tinha ficado aberta, na verdade, ver se existia uma janela lá, pois até em tão era só uma suposição. Acordou seu pai e pediu para ir com ele até aquela sala. Ao abrir a porta, viu que a sala destinada aos computadores estava cheia de cadeiras e armários antigos da escola.

Constatou que existia sim uma janela no lugar onde a mulher estava, mas a janela estava fechada com os quatro trincos devidamente travados.

O Sr. João* percebeu a interrogação estampada na cara do filho e perguntou o que estava acontecendo. O garoto resolveu então contar e agora o ponto de interrogação estava no rosto dos dois.

Ao chegar em casa e contar a  história para a mãe, ficou chocado com a explicação que ela encontrou: A de que a mulher na verdade deveria ser o espírito de uma professora ou aluna que gostava muito da escola e estava fazendo uma visita, mas não tinha a intenção de assustar o garoto, (fazia sentido já que esta era a única sala que estava com a luz apagada em toda escola e ainda a única que tinha móveis antigos, já que escola acabara de passar por uma reforma) ele foi quem acabou por encontrar ela sem querer.

Danilo começou a chorar, lembrou do filme "O sexto sentido" e teve a certeza de que não queria ser como Cole Sear (o personagem do incrível ator mirim Haley Joel Osment, que via gente morta no filme) rezou e pediu muito a Deus (como sua mãe cristã ensinou) para que aquele espírito ficasse bem e que ele não o visse mais.

O tempo passou. Danilo continuou indo a escola com o pai e ainda vagava pelas salas procurando o que fazer, mas nunca entrava em lugares escuros.

Um dia na reunião do grêmio estudantil da escola onde estudava (Danilo era líder de turma) uma das professoras que era irmã de outro vigia da "escola mal assombrada" o perguntou sobre a aparição do espírito:

_ É verdade que você viu o espírito da Rosemary* na escola?

_ Hã? Quem é Rosemary?

_ A mulher que você viu como ela era?

Danilo descreveu a mulher com uma precisão de detalhes que a professora arregalou os olhos, chocada e falou:

_ Era ela sim!Meu Deus. Já te contaram a história dela?

_ Não. Preferi não procurar saber quem era, mas com certeza a reconheceria se visse uma foto.

A professora começou então a contar a história daquela mulher.

_ Ela era professora... amava aquela escola. Morava do outro lado da rua, bem próximo da escola... ela se sentia muito feliz ensinando as crianças...tinha dois filhos, um menino e uma menina que deviam ter 12 e 13 anos na época que tudo aconteceu.O marido dela era alcoólatra, ciumento e várias vezes a humilhara publicamente até que um dia entrou em casa embriagado e empunhando uma arma. Na frente dos filhos ele atirou na mulher e depois se matou.

Danilo começou a “juntar as peças" e tudo fazia sentido agora. O pouco que lera sobre o mundo espiritual dizia que quando um espírito é arrancado de forma abrupta do corpo, leva muito tempo até ele entender e aceitar o que aconteceu, por isso fica vagando a procura de entendimento e libertação.

Danilo chorou e sentiu uma imensa compaixão pelo espírito de Rosemary. Agora ele tinha certeza que realmente era um espírito o que vira naquela sala.

Alguns dias se passaram e em um dos passeios de Danilo pela escola, acabou encontrando uma sala que ainda não conhecia a "Brinquedoteca". Entrou e curioso andou por toda a sala até chegar ao quadro negro quando alguma coisa, uma força talvez (ele não sabe explicar) o fez levantar a cabeça e viu que na parede um metro mais ou menos a cima da lousa, existia um pequeno vaso com algumas pequenas flores.

O que aconteceria a seguir, Danilo já imaginava, porém não conseguia acreditar e como num filme de suspense quando os personagens se afastam de alguma coisa sem dar as costas, o garoto foi dando passos lentos para trás de cabeça erguida até à medida que o objeto acima do vaso ficara visível... parou, sentiu um vento frio nas costelas e um arrepio quando viu a foto de Rosemary com a seguinte legenda: Sala em homenagem a Rosemary, professora amada.

*Os nomes foram trocados para preservar a imagem dos envolvidos.